Cinquentenário da ANF renova colaboração no setor da Saúde
Quarenta e nove entidades juntam-se à ANF na assinatura da Declaração pela Saúde, um compromisso conjunto por um sistema de saúde mais justo, próximo e sustentável.
Texto de Carina Machado

No dia em que completou cinco décadas de vida, a Associação Nacional das Farmácias (ANF) juntou-se a 49 entidades dos setores público, privado e social para a assinatura da Declaração pela Saúde. O documento traduz o compromisso com a construção de um sistema de saúde mais justo, acessível e sustentável, e defende uma saúde centrada nas pessoas, mais próxima das comunidades e com respostas adaptadas às realidades locais, valorizando a prevenção, a colaboração entre setores e a integração da saúde em todas as políticas públicas.
Presente na cerimónia, que teve lugar a 15 de outubro na Academia de Ciências de Lisboa, a secretária de Estado da Saúde interpretou o momento de união em torno da ANF como «uma prova clara da sua relevância no sistema, assim como do reconhecimento do seu contributo inestimável para a Saúde Pública em Portugal».
Para Ana Povo, celebrar 50 anos da ANF é celebrar a rede de farmácias e o seu «papel crucial na sustentabilidade do SNS». Enquanto primeiro e último ponto de contacto das comunidades com a saúde, representam «uma extensão natural dos cuidados de saúde primários, desempenhando um papel relevante na descentralização dos cuidados, no alívio das urgências hospitalares e na promoção da adesão terapêutica, sobretudo entre os doentes crónicos», afirmou. É, pois, «com orgulho» que o Ministério da Saúde «reconhece o reforço da colaboração entre o SNS e a rede de farmácias», com resultados que são «prova viva de que há despesa que é, verdadeiramente, investimento». Não haja, por isso, dúvidas, afirmou a governante: «as farmácias são imprescindíveis no Sistema Nacional de Saúde. Sabemos do potencial que encerram e que ainda está por descobrir. Queremos solidificar esta relação e expandir o seu impacto na saúde dos portugueses», concluiu.
Para o presidente da Comissão Parlamentar da Saúde, «não haverá, no futuro, como não procurar aproveitar melhor a capacidade das nossas farmácias e da ANF, como parceiro incontornável no desenho das políticas de saúde em Portugal». Filipe Neto Brandão lê na experiência do Reino Unido uma referência nesse sentido, apontando a recente proposta de reforma do serviço nacional de saúde inglês, «onde avulta um incremento substantivo do papel das farmácias, contribuindo para uma maior eficiência no sistema e uma significativa redução dos seus custos atuais». Dois fins que, assegurou, «não deixarão de ser perseguidos também por nós».
Uma ideia aplaudida pelo bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, que destacou o crescente relevo das farmácias comunitárias em Portugal, assente também no trabalho desenvolvido pela ANF. Para Helder Mota Filipe, «as farmácias são hoje a estrutura de saúde mais próxima e acessível aos cidadãos», que beneficiam diariamente do profissionalismo dos farmacêuticos comunitários. «Num momento de elevada pressão sobre o SNS, as farmácias são uma resposta eficaz e um verdadeiro alívio para o sistema», afirmou.
Maria da Luz Sequeira, que presidiu a Comissão Organizadora do cinquentenário da associação, destacou o progresso do país na prestação de cuidados de saúde, mas sublinhou que se poderia ter ido mais longe. «Falta-nos ainda uma verdadeira cultura de diálogo entre organizações e profissões. Por isso, quisemos encerrar as comemorações com um ato público de diálogo - não simbólico, mas expressão de um comprometimento totalmente sentido».
«A Declaração pela Saúde é uma promessa de ação», reafirmou a presidente da ANF, Ema Paulino, salientando que a construção do futuro da saúde em Portugal «não é apenas uma responsabilidade governativa. É um dever partilhado por todos os atores da sociedade».
«Vivemos tempos de grandes transformações: envelhecimento da população, aceleração tecnológica, desafios ecológicos e demográficos. A agenda da saúde precisa de ser revisitada, e só com uma resposta conjunta será possível colocar as pessoas no centro das decisões e integrar a saúde como pilar da evolução nacional», declarou.
Para a responsável associativa, a colaboração é a força motriz da mudança e as farmácias são parte ativa dessa transformação. «Com meio milhão de encontros de saúde por dia, as farmácias fazem da confiança da população o seu maior património. Celebramos hoje essa conquista, assente num movimento de união, de coragem e de visão, e fruto de um trabalho persistente e de cooperação com todos os que integram o sistema de Saúde».