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RADIS 2025: retrato de um SNS sob pressão

O documento descreve um SNS sob forte pressão, devido ao aumento da procura, ao envelhecimento da população e à escassez de profissionais.

Texto de Marta Roquette e Tiago Gonçalves

​​​​​Foi divulgado o Relatório de Avaliação de Desempenho e Impacto do Sistema de Saúde (RADIS)​, promovido pela Convenção Nacional de Saúde. O documento, elaborado por uma equipa multidisciplinar, da qual fez parte António Teixeira Rodrigues, da ANF, traça uma radiografia do Serviço Nacional de Saúde marcada por alertas sérios sobre desigualdades no acesso, falta de recursos e quebras de desempenho em áreas críticas.

O relatório descreve um sistema que continua a evoluir, mas que está sob forte pressão, devido sobretudo ao aumento da procura, ao envelhecimento da população e à escassez de profissionais. Estes fatores resultam em atrasos significativos e em desigualdades persistentes no acesso equitativo aos cuidados. O documento conclui que a saúde deve ser encarada como um investimento estratégico, com retorno social e económico, defendendo a necessidade de consensos e de um pacto de regime que ultrapasse interesses partidários e agendas de curto prazo, promovendo uma abordagem integrada entre saúde, segurança social e educação.

Entre os dados apresentados, destaca-se o facto de cerca de 1,5 milhões de pessoas continuarem sem médico de família, apesar de uma ligeira melhoria face aos anos anteriores. Em 2024, menos de metade (49,7%) das primeiras consultas hospitalares decorreu dentro dos tempos máximos de resposta garantidos; na oncologia, mais de 60% ultrapassaram esses limites. A área oncológica surge, assim, como uma das principais fragilidades do sistema, tanto ao nível do diagnóstico como do tratamento.

O relatório evidencia ainda que o acesso ao SNS permanece desigual e demorado. Mantêm-se fortes assimetrias regionais e cresce a procura de seguros de saúde privados, que já cobrem mais de um terço da população, sinal de desconfiança crescente na capacidade de resposta do sistema público.

No debate que acompanhou a apresentação do RADIS, no Centro Cultural de Belém, Francisco Barros, membro da Direção da ANF, reafirmou o compromisso da Associação em continuar a ser um parceiro estratégico na implementação de políticas de Saúde Pública que promovam melhorias na acessibilidade, eficiência e qualidade dos cuidados, com impacto direto na saúde dos cidadãos.

«As farmácias comunitárias podem reduzir significativamente a pressão sobre o SNS», sublinhou. Como exemplo, destacou a capacidade de intervenção em situações clínicas ligeiras, que podem ser resolvidas nas farmácias ou encaminhadas de forma adequada, evitando deslocações desnecessárias às urgências. Referiu ainda o potencial das farmácias na realização de rastreios populacionais, nomeadamente do cancro colorretal.

O tema da equidade e da sustentabilidade do sistema foi incontornável, tendo em conta que os pagamentos diretos suportados pelas famílias representam cerca de 30% dos gastos em saúde, o dobro da média europeia. Para aliviar o peso da despesa out-of-pocket com medicamentos, Francisco Barros defendeu a revisão do modelo de incentivos à dispensa de medicamentos genéricos nas farmácias, um caminho que considera «relevante para a poupança do Estado e das famílias», que em 2024 ascendeu a 670,5 milhões de euros.​

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