Setor das farmácias comunitárias enfrenta desafios nos EUA
Os especialistas têm alertado para o perigo em que se encontra o setor, após a falência de uma das maiores redes de farmácias do país.
Texto de Ana Rita Cunha
As farmácias comunitárias estão a enfrentar uma forte pressão nos EUA. Após a falência declarada no início do ano por uma das maiores redes independentes de farmácias no país, a Rite-Aid, são várias as vozes a alertar para o perigo que a situação representa para a Saúde Pública.
«Se não agirmos agora, não perdemos apenas as farmácias. Perderemos um dos pontos de acesso mais eficiente e económico do sistema de saúde dos EUA», avisa Rick Gates, presidente da National Association of Chain Drug Stores e diretor da Walgreens, outra grande rede de farmácias no país.
Num artigo publicado no jornal STAT, Rick Gates identifica três reformas fundamentais para a mudança necessária no setor:
- Remuneração justa pelos serviços farmacêuticos, que vão além da dispensa de medicamentos, de modo a garantir a existência de farmácias economicamente sustentáveis;
- Investimento em tecnologia e em sistemas que permitam reduzir a carga de trabalho administrativo e, consequentemente, aumentar o tempo de interação entre os farmacêuticos e as pessoas;
- Reconhecimento formal dos farmacêuticos como prestadores de cuidados de saúde, com vista a expandir a sua capacidade de intervenção e reforçar a posição das farmácias enquanto pilares essenciais no acesso da população aos cuidados.
Tal como em Portugal, nos EUA os farmacêuticos comunitários prestam cuidados de saúde em proximidade à população, sendo que quase 90% dos cidadãos norte-americanos têm uma farmácia a menos de oito quilómetros de distância.
O encerramento das farmácias comunitárias, devido à pressão financeira e ao esgotamento dos seus profissionais, culmina na deterioração do acesso aos cuidados de saúde, contribuindo para a criação de desertos farmacêuticos, que geram preocupações significativas em matéria de Saúde Pública.
«É crucial que as farmácias, as organizações comerciais, os defensores, os pares e até mesmo os utentes alertem para as mudanças necessárias para apoiar a sustentabilidade das farmácias e a manutenção dos cuidados que prestam. As farmácias comunitárias são uma parte importante da solução para combater os desertos de cuidados de saúde», afirma a vice-presidente da organização global de soluções farmacêuticas Cencora e presidente da Good Neighbour Pharmacy, Jennifer Zilka, em declarações à Drug Topics.